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A Diferença é o Que Nos Torna Humanos

Há trinta anos tenho participado de um programa na mídia intitulando minha contribuição de “Pensamento para o Dia”, mas jamais pensei que em 2018 eu ainda teria de falar sobre antissemitismo. Fiz parte daquela geração, nascida após o Holocausto, que acreditou nas nações do mundo quando elas disseram: Nunca mais.

Mas esta semana, houve um debate sem precedentes sobre antissemitismo no Parlamento. Vários MPs falaram emocionados sobre o abuso que tinham recebido por serem judeus, ou mais alarmante, porque tinham lutado contra o antissemitismo. Segundo o Fundo de Segurança da Comunidade, incidentes anti-semíticos na Grã-Bretanha têm aumentado até o nível mais alto desde que começaram a ser registrados em 1984, numa média de 4 por dia. Esta não é a Grã-Bretanha que conheço e amo.

Em Paris, este ano, pouco antes de Pêssach, uma sobrevivente do Holocausto com 85 anos foi assassinada porque era uma judia, o mais pungente numa série de ataques na Europa nos últimos  anos. Atualmente quase não há um pais europeu onde os judeus se sintam seguros, e isso dentro da memória viva do Holocausto no qual um milhão e meio de crianças foram assassinadas simplesmente porque seus avós eram judeus.

Isso tem acontecido por causa do aumento do extremismo político da direita e da esquerda, e devido a políticos populistas que se aproveitam dos temores das pessoas, buscando bodes expiatórios para culparem pelos problemas sociais. Durante mil anos os judeus têm sido feitos de bodes expiatórios, porque eram uma minoria e por serem diferentes, Mas diferença é o que nos torna humanos. E uma sociedade que não tem espaço para diferença não tem espaço para humanidade.

A aparição do anti-semitismo é sempre um sinal de aviso sobre uma perigosa disfunção dentro de uma cultura, porque o ódio que começa com judeus jamais termina com judeus.

Ao final de sua vida, Moshê disse aos israelitas: não odeiem um egípcio porque vocês foram estrangeiros na terra dele. É uma frase estranha. Os egípcios tinham oprimido e escravizado os israelitas. Então por que Moshê disse: não odeiem?

Porque se as pessoas continuassem a odiar, Moshê teria tirado os israelitas do Egito, mas teria falhado ao não tirar o Egito para fora dos israelitas. Eles ainda seriam escravos, não física mas mentalmente. Moshê sabia que para ser livre você precisa se livrar do ódio. Onde quer que haja ódio, a liberdade morre. É por isso que cada um de nós, especialmente nós líderes, temos de lutar contra o poder corrosivo do ódio.

Tudo que é necessário para o mal florescer é que as pessoas boas não façam nada. Hoje eu vejo muitas pessoas boas fazendo nada e estou envergonhado.

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